O Globo | O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir hoje com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco para começar o diálogo da segunda fase da tramitação da reforma tributária. Como é natural que cada casa queira deixar a sua marca, o argumento de Haddad será que as ideias do Senado que estavam na Emenda 110 já foram incorporadas à emenda 45 que foi votada na Camara.
Havia dois projetos tramitando sobre reforma tributária: a emenda constitucional 45, que foi aprovada na Câmara, e a emenda 110, no Senado. No começo eram projetos muito diferentes, e ao longo dos anos foram se aproximando.
Haddad deve seguir no Senado a mesma estratégia de muito diálogo. O objetivo principal é que nada seja alterado para não ter que voltar para a Câmara. De qualquer forma, não se pode impedir que o Senado olhe a PEC que veio da Câmara e veja se há distorções que precisem ser corrigidas. É a casa revisora.
Na melhor das hipóteses, não haverá alterações, e o texto vai para sanção. Por outro lado, é necessário ver se a PEC ficou com alguma ponta solta, alguma distorção. Ou seja, se alguma inclusão de última hora cria alguma situação ruim para a estrutura tributária do país.
Esse é um trabalho para o segundo semestre, para ser apreciado no Senado em outubro, de forma lenta e detalhada.
Outra linha da estratégia do governo é continuar mostrando que não é um projeto de esquerda, de direita e nem de centro. Não é um projeto que se encaixe nesse tipo de clivagem ideológica, mas sim um texto que aperfeiçoa a maneira como se cobra e se paga impostos no Brasil, tornando o país mais eficiente.
Dessa forma, é possível atrair inclusive aqueles que estão no grupo de influência do governo anterior, e esse é um trabalho que já está sendo feito: buscar parlamentares que se fortaleceram e cresceram na era Bolsonaro, como os senadores Hamilton Mourão ou Sergio Moro, por exemplo.
A ideia é mostrar que a reforma é um movimento que já vinha em andamento no Brasil e é defendida por empresários, economistas e políticos. Mas esse é um assunto que deve tomar os primeiros meses do segundo semestre, quando o Congresso voltar do recesso.