Em teste feito pelo fabricante Eli Lilly, a medicação fez homens e mulheres com sobrepeso perderem cerca de 22,5% de seu peso corporal
O Globo – Um novo medicamento para obesidade ajudou os pacientes a perderem, em média, 22,5% de seu peso corporal em 72 semanas. O resultado é muito superior ao de outros medicamentos para perda de peso e semelhante ao obtido por meio da cirurgia bariátrica. A conclusão é baseada em dados preliminares de um estudo clínico fase 3 desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, divulgados nesta sexta-feira. Os resultados do novo estudo ainda não foram publicados em uma revista científica.
Chamado de tirzepatide, o medicamento imita a ação de um hormônio chamado peptídeo inibidor gástrico (GIP). Os primeiros estudos descobriram que esta nova molécula resulta em uma dupla ação nos receptores GLP-1 e GIP, levando a maior diminuição na ingestão de alimentos e maior aumento no gasto de energia.
O estudo de fase 3 incluiu 2.539 indivíduos em nove países, com peso corporal médio de 105 quilos e IMC de 38. Os participantes foram aleatoriamente divididos em quatro grupos: tirzepatide 5 mg, 10 mg, 15 mg ou placebo. O tratamento envolveu uma injeção subcutânea semanal do medicamento – ou placebo.
Após 72 semanas, aqueles que tomaram a dose mais baixa perderam uma média de 16% de seu peso corporal, enquanto aqueles que tomaram a dose mais alta perderam 22,5% e ficara com IMC pouco abaixo de 30. Isso significa que eles saíram da classificação de “obesidade”, definida por IMC igual ou superior a 30, para “sobrepeso”.
De acordo com Louis J. Aronne, diretor do programa abrangente de controle de peso do Weill Cornell Medical Center e investigador principal do estudo, alguns participantes ficaram com um IMC considerado “normal”. Por outro lado, os participantes que tomaram o placebo perderam apenas 2,4% no peso corporal.
“Tirzepatide é o primeiro medicamento experimental a entregar mais de 20% de perda de peso em média em um estudo de fase 3, reforçando nossa confiança em seu potencial para ajudar pessoas que vivem com obesidade”, disse Jeff Emmick, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da Eli Lilly, em comunicado.
É importante notar que além do medicamento, todos os participantes fizeram dieta e aderiram a um programa de exercícios. Mas, considerando que o grupo placebo também seguiu essas intervenções, a tirzepatida parece realmente promissora.
Os resultados preliminares do medicamento foram considerados superiores ao da semaglutida, cujos dados dos testes clínicos foram considerados “revolucinários”. A semaglutida é um medicamento inicialmente desenvolvido para o diabetes que, no ano passado, foi aprovado pela FDA para sobrepeso e obesidade. Ela imita a ação do GLP-1, hormônio produzido pelas células intestinais que desempenha várias funções metabólicas, desde regular os níveis de açúcar no sangue até ajudar a suprimir apetite.
A tirzepatida já está em avaliação pela FDA para o tratamento de diabetes. Com base nestes novos resultados, a expectativa é que o tratamento seja aprovado nos próximos meses também para diabetes e obesidade.
A obesidade é uma doença crônica cuja prevalência só aumenta no mundo todo, incluindo no Brasil. Dieta e exercício, combinados com medicamentos disponíveis para emagrecimento, geralmente produzem uma perda de peso de cerca de 10% nos pacientes. Isso é suficiente para melhorar a saúde, mas não para fazer uma grande diferença na vida das pessoas obesas.
O único outro tratamento disponível é a cirurgia bariátrica, que pode resultar em emagrecimento substancial. Mas muitas pessoas são inelegíveis ao procedimento ou simplesmente não querem se submeter à operação.