Fintech chega a 59,6 milhões de clientes, alta de 60,7%; 57,3 milhões são brasileiros
Folha de São Paulo – O Nubank reportou prejuízo líquido de US$ 45,1 milhões (R$ 228,47 milhões) no primeiro trimestre de 2022, o que corresponde a uma leve melhora de 9% na comparação com o prejuízo de US$ 49,4 milhões (R$ 250 milhões) em igual período do ano anterior, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (16).
Já considerando ajustes com despesas e efeitos tributários relacionados à remuneração baseada em ações da companhia, o Nubank teria reportado lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões (R$ 51,16 milhões) no primeiro trimestre.
A fintech atingiu uma carteira de 59,6 milhões de clientes, alta de 60,7%, com uma receita total recorde de US$ 877,2 milhões de janeiro a março, incremento de 258%. A base de clientes no Brasil atingiu 57,3 milhões, com 2,1 milhões no México, e 211 mil na Colômbia.
A receita média mensal por cliente ativo cresceu 63,4%, para US$ 6,7, reflexo da mudança no perfil de clientes e do lançamento de novos produtos.
“Esse foi o trimestre mais forte na história do Nu. Nossa fórmula de geração de receitas ajudou a impulsionar o resultado trimestral, que alcançou o valor recorde de US$ 887 milhões, com baixo custo de aquisição de clientes, aumento da receita por cliente e redução do custo de serviço”, afirmou David Vélez, fundador e CEO do Nubank, em nota.
O portfólio sujeito a ganhos de juros (carteira de crédito) totalizou US$ 3,1 bilhões, alta de 417% em bases anuais.
Segundo a fintech, o resultado se deveu principalmente pelo aumento de 400% dos empréstimos pessoais, para US$ 2 bilhões, e também pelo lançamento de produtos de financiamento ao consumidor via cartão de crédito.
“Ainda estamos nos estágios iniciais da nossa jornada. Aqui no Nubank, dizemos que ainda estamos no primeiro minuto do primeiro tempo da partida”, afirmou Vélez, em teleconferência com analistas de mercado para comentar os resultados do primeiro trimestre.
“À medida que continuamos a desenvolver nossos negócios no Brasil, no México e na Colômbia, esperamos ganhar participação de mercado dos grandes players [agentes de mercado], além de promover o crescimento do mercado por meio do aumento da inclusão financeira na região”, disse o executivo.
Vélez afirmou também que, ao longo das últimas semanas, recebeu uma série de perguntas sobre a possibilidade de os principais acionistas venderem ou distribuírem uma porcentagem significativa de sua participação societária na fintech.
“É com satisfação que informo que conversamos recentemente com a maioria dos nossos acionistas, e eles reforçaram que esperam continuar sendo nossos acionistas por bastante tempo e, sendo assim, não pretendem vender ou distribuir parcelas consideráveis de suas ações em um futuro próximo.”
Pressionadas por um cenário de alta dos juros nos Estados Unidos e pelos desafios próprios de conseguir rentabilizar a base de clientes, as ações do Nubank afundam cerca de 50% desde a abertura de capital. Os papéis recuaram cerca de 9,6% na Nyse (Bolsa de Nova York) nesta segunda, para US$ 4,34.
Já a taxa de inadimplência da fintech alcançou 4,2% no primeiro trimestre do ano, uma alta de 1,5 ponto percentual contra 2,7% em março de 2021.
As despesas operacionais, por sua vez, chegaram a US$ 361,8 milhões, crescimento de 114%. De acordo com a fintech, o principal motivador para o resultado foi a expansão da remuneração baseada em ações, junto com o aumento do quadro de funcionários.
Segundo Guilherme Lago, diretor financeiro do Nubank, a fintech encerrou o trimestre com um excedente de capital de aproximadamente US$ 3,4 bilhões, boa parte (US$ 2,8 bilhões, ou 82,3%) oriunda da abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) em dezembro do ano passado.
“Isso nos garante o colchão necessário não apenas para navegar os ciclos e promover o crescimento orgânico de nosso negócio nos próximos anos, mas também para buscar de forma proativa oportunidades para a expansão de nosso ecossistema, inclusive por meio de fusões e aquisições”, afirmou Lago.