Na última manhã de 2022, o mundo perde um gigante da Cristandade: papa emérito Bento XVI morre aos 95 anos
BSM | O papa emérito Bento XVI morreu na manhã deste sábado, 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos. Como um sinal de Deus para nosso tempo, o pontífice nos deixou no último dia e na última manhã do ano.
Teólogo, sacerdote, professor universitário e autor de dezenas de livros, Joseph Aloisius Ratzinger foi o 294º sucessor de São Pedro e exerceu o pontificado entre abril de 2005 e fevereiro de 2013.
Nascido em 16 de abril de 1927, na vila de Marktl, na Baviera, Joseph Ratzinger viveu a maior parte de sua infância na Alemanha nazista, no seio de uma família católica que se opunha ao regime de Adolf Hitler. Com 16 anos, o jovem Ratzinger foi forçado, sob pena de morte, a alistar-se no Exército Alemão, desertando em 1944. Com a rendição da Alemanha em 1945, ficou preso por um mês em um campo de concentração das Forças Aliadas. Um ano após o fim da guerra, Joseph e seu irmão Georg entraram para o seminário de Freising, sendo ordenados sacerdotes em 1951.
Ratzinger obteve o doutorado em Teologia pela Universidade de Bonn, em 1953, com a tese intitulada “Povo e casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. Até o final dos anos 60, lecionou em diversas universidades alemãs, tendo chegado ao cargo de vice-reitor da Universidade de Tubinga. Entre 1962 e 1965, participou do Concílio Vaticano II como perito. Datam dessa época suas primeiras polêmicas públicas de maior relevância, com textos que criticavam o uso indevido das teses conciliares. Ratzinger fundou a revista Communio, juntamente com os teólogos Hans Urs von Balthasar e Henri De Lubac, como resposta à crise teológica desencadeada pelo Concílio.
Na última manhã de 2022, o mundo perde um gigante da Cristandade: papa emérito Bento XVI morre aos 95 anos
O papa emérito Bento XVI morreu na manhã deste sábado, 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos. Como um sinal de Deus para nosso tempo, o pontífice nos deixou no último dia e na última manhã do ano.
Teólogo, sacerdote, professor universitário e autor de dezenas de livros, Joseph Aloisius Ratzinger foi o 294º sucessor de São Pedro e exerceu o pontificado entre abril de 2005 e fevereiro de 2013.
Nascido em 16 de abril de 1927, na vila de Marktl, na Baviera, Joseph Ratzinger viveu a maior parte de sua infância na Alemanha nazista, no seio de uma família católica que se opunha ao regime de Adolf Hitler. Com 16 anos, o jovem Ratzinger foi forçado, sob pena de morte, a alistar-se no Exército Alemão, desertando em 1944. Com a rendição da Alemanha em 1945, ficou preso por um mês em um campo de concentração das Forças Aliadas. Um ano após o fim da guerra, Joseph e seu irmão Georg entraram para o seminário de Freising, sendo ordenados sacerdotes em 1951.
Ratzinger obteve o doutorado em Teologia pela Universidade de Bonn, em 1953, com a tese intitulada “Povo e casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. Até o final dos anos 60, lecionou em diversas universidades alemãs, tendo chegado ao cargo de vice-reitor da Universidade de Tubinga. Entre 1962 e 1965, participou do Concílio Vaticano II como perito. Datam dessa época suas primeiras polêmicas públicas de maior relevância, com textos que criticavam o uso indevido das teses conciliares. Ratzinger fundou a revista Communio, juntamente com os teólogos Hans Urs von Balthasar e Henri De Lubac, como resposta à crise teológica desencadeada pelo Concílio.
Em março de 1977, Joseph Ratzinger foi nomeado Arcebispo de Munique e Frisinga e, três meses depois, criado Cardeal pelo Papa Paulo VI. No ano seguinte, o cardeal polonês Karol Wojtila foi eleito Papa, adotando o nome de João Paulo II. Em 1981, o pontífice nomeou Ratzinger como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Ratzinger tornou-se, assim, o mais importante conselheiro e colaborador do papa polonês, tendo publicado documentos importantíssimos, tais como a Instrução sobre alguns aspectos da teologia da libertação, de 1984, em que condena as distorções da doutrina da Igreja pelo marxismo. O grande amigo de João Paulo II também teve um papel fundamental na elaboração do novo Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992.
Com a morte de João Paulo II, em abril de 2005, Joseph Ratzinger foi eleito Papa pelo Colégio de Cardeais, após quatro votações. Vaticanistas supõem que a votação final teria sido de 84 votos para Ratzinger, contra 26 do então Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio. Ratzinger adotou o nome de Bento XVI, em homenagem ao papa que pontificou durante a Primeira Guerra Mundial e também a São Bento, fundador da Ordem Beneditina e padroeiro da Europa. Muitos esperavam que o novo papa adotasse o nome de João Paulo III, ao que Ratzinger respondeu, com profunda humildade, anos depois: “Senti como inadequado, pois seria um parâmetro ao qual eu não poderia corresponder. Eu era outra figura, outro caráter, tinha outra espécie de carisma ou falta de carisma”. Como lema episcopal, Ratzinger escolheu Cooperatores veritatis (Cooperador da verdade).
Os sete anos do papado de Bento XVI foram marcados por diversas realizações importantes, tais como a publicação da carta apostólica Summorum Pontificum (que voltou a permitir a celebração da missa no rito extraordinário), as encíclicas Deus Caritas Est (2005), Spe Salvi (2007) e Caritas in veritatem (2009), as catequeses sobre os Padres da Igreja, os diálogos com grandes intelectuais contemporâneos, a defesa do legado de João Paulo II e o uso dos meios de comunicação para a evangelização dos povos. Para realizar as atribuições primordiais do Papa – governar a Igreja e confirmar a fé dos irmãos –, ele se valeu das suas qualidades de professor e intelectual. Autor de dezenas de livros, deixou como legado preciosidades como os três livros sobre Jesus de Nazaré, o clássico de nascença Introdução ao Cristianismo e os testemunhos reunidos em O Sal da Terra e O Último Testamento.
Por sua defesa intransigente das verdades da fé e dos ensinamentos da Igreja, enfrentou duras críticas e ataques – a tal ponto que suas forças declinaram. Em 11 de fevereiro de 2013, assombrou o mundo ao anunciar que renunciaria ao Trono de São Pedro:
Caríssimos Irmãos,
convoquei-vos para este Consistório, não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, à Santa Igreja de Deus.
Vaticano, 10 de fevereiro de 2013. BENEDICTUS PP. XVI