Com resultado, economia brasileira chega ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996
Segundo dados divulgados nesta quinta (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira registrou um crescimento de 0,4% no terceiro trimestre de 2022 em comparação com o período imediatamente anterior. O resultado do trimestre é o quinto positivo seguido após o recuo de 0,3% de abril a junho do ano passado.
Em relação ao terceiro trimestre de 2021, a alta foi de 3,6%. Com esse resultado, o PIB (Produto Interno Bruto) chega ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996, e fica 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019.
O resultado veio um pouco abaixo da mediana das expectativas do mercado, que apontava para uma alta de 0,7% na comparação mensal e de 3,7%, na anual, segundo pesquisa da Reuters.
Em valores correntes, o PIB, soma dos bens e serviços finais produzidos no país, totalizou R$ 2,544 trilhões no terceiro trimestre.
No terceiro trimestre, a variação positiva foi influenciada pelos resultados dos serviços (1,1%) e da indústria (0,8%), enquanto a Agropecuária recuou 0,9%, diz o IBGE em nota.
Serviços
Responsável por cerca de 70% da economia, o setor de serviços teve como destaques informação e comunicação (3,6%), com a alta dos serviços de desenvolvimento de software e internet, atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e atividades imobiliárias (1,4%).
O segmento Outras atividades de serviços (1,4%), que representa cerca de 23% do total de serviços e inclui, por exemplo, alojamento e alimentação, também cresceu, diz o IBGE.
“As outras atividades de serviços já vêm se recuperando há algum tempo, com a retomada de serviços presenciais que tinham demanda represada durante a pandemia”, explica a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis, em nota.
Comércio foi o único segmento de serviços a apresentar taxa negativa no terceiro trimestre, com recuo de 0,1%. “Esse é um cenário que já vínhamos observando na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE. O resultado reflete a realocação do consumo das famílias dos bens para os serviços”, diz a especialista.
Construção avança 1,1%
Uma das atividades da indústria, a construção avançou 1,1% no período. “Essa atividade já vinha crescendo há quatro trimestres e segue aumentando, inclusive em ocupação”, diz Palis.
“Outro destaque do setor é eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,6%), beneficiadas pela redução da energia termoelétrica”, diz.
As Indústrias de transformação tiveram variação positiva de 0,1% e, nas Indústrias extrativas, ocorreu variação negativa de 0,1%.
Consumo das famílias cresce 4,6% no ano
O consumo das famílias cresceu pelo sexto trimestre consecutivo, com alta de 4,6% em relação ao terceiro trimestre de 2021.
Segundo a especialista do IBGE, “esse crescimento está relacionado aos resultados positivos do mercado de trabalho, em relação ao rendimento e à ocupação, aos auxílios governamentais, como o Auxílio Brasil, Auxílio Taxista e o Auxílio Caminhoneiro, às políticas de desoneração fiscal e a uma inflação mais recuada, mesmo que ainda esteja alta”.
No mesmo período, o consumo do governo cresceu 1%.
Investimentos sobem
Também na ótica da demanda, os investimentos cresceram 5%, influenciados pela alta da construção, do desenvolvimento de softwares e também da produção e importação de bens de capital, diz o IBGE.
A taxa de investimento foi de 19,6% no 3º trimestre, o que representa um aumento em relação à do mesmo período do ano anterior (19,4%). A taxa de poupança foi de 16,2% no terceiro trimestre de 2022, menor que os 17,2% obtidos no mesmo período de 2021.
Agropecuária recua 0,9%
Após três trimestres com taxas positivas, a agropecuária recuou 0,9%.
“A retração é explicada pelas culturas que têm safra relevante nesse trimestre e tiveram queda de produção, como é o caso da cana-de-açúcar e de mandioca. Já no ano, o desempenho do setor é ligado aos resultados da soja, nossa principal cultura, que teve a sua produção afetada por problemas climáticos”, diz a especilaista.
No acumulado do ano, o setor agropecuário caiu 1,5%.