CNN – O Palácio do Planalto e a cúpula do PT mudaram de estratégia: deixarão de pressionar pela retirada de assinaturas e vão aceitar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), no Congresso Nacional, para investigar os atos criminosos de 8 de janeiro.
A virada ocorreu após a divulgação, pela CNN, de imagens inéditas da invasão ao Planalto. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, foi gravado conversando com invasores a metros de distância do gabinete presidencial. Ele pediu demissão nesta quarta-feira (19).
Até ontem (18), o governo e a base aliada vinham tentando ganhar mais tempo para evitar a instalação da CPMI. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), adiou para a próxima semana a sessão do Congresso em que deverá fazer a leitura do ato de criação da comissão.
Agora, o PT — com aval da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR) — aceita a instalação da CPMI justamente para contrapor o discurso oposicionista de que infiltrados de esquerda teriam sido responsáveis pela quebradeira na Praça dos Três Poderes. O objetivo da base aliada será responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos atos e buscar conexões com seu grupo político.
No governo, o sentimento era de que já não seria mais possível retirar assinaturas suficientes e a instalação da CPMI tornou-se um caminho irreversível.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) escancarou a nova postura: “Sim, é uma mudança”. E acrescentou: Essa CPI não amedronta o governo em nada. É claro que o governo no começo, eu volto a argumentar, queria estar focado na aprovação das propostas, dos projetos. Nós temos discussão de reforma tributária, nós temos discussão do arcabouço, mas a partir do que aconteceu agora, o que a gente tem que fazer é preparar e ir para ofensiva”.
“Eu estou convencido e volto a repetir: vai ser o maior tiro no pé dessa base bolsonarista, vai ter deputado bolsonarista aqui dentro sendo cassado, porque financiaram, porque incitaram, porque organizaram caravanas e isso pode chegar no próprio Bolsonaro. Eu não consigo ver como é que uma CPMI dessa pode se virar contra o governo”, disse Lindbergh.