Um PM foi condenado por matar um idoso em Manguinhos ao atirar para o alto. Outro atingiu um barraqueiro durante uma perseguição em Ipanema. Um terceiro admitiu ter matado duas pessoas durante a folga em 2012.
Não é só Gabriel Monteiro, vereador do Rio de Janeiro investigado por diversas acusações, que tem uma ficha não tão limpa. Os policiais militares que trabalham fazendo sua escolta também respondem ou já responderam por processos por crimes, entre eles, homicídio.
Trabalhando desde novembro do ano passado, o PM Rodolfo Santos de Melo foi um pedido pessoal de Gabriel. Ele até aparece em alguns de seus vídeos no youtube. Rodolfo foi responsabilizado pela Justiça por um homicídio em 2013, em Manguinhos, na Zona Norte da cidade.
Durante um protesto contra a truculência policial, disseram testemunhas, Rodolfo sacou sua arma e deu três tiros para o alto. Uma das balas atingiu na cabeça o aposentado Joaquim José de Santana, que observava o protesto da varanda de sua casa.
Rodolfo foi sentenciado a três anos em regime aberto. Na sentença, a juíza escreveu que ele agiu em “flagrante covardia e despreocupação” com os moradores do local, os quais jurou servir e proteger quando entrou na corporação.
Meses depois, após um recurso, a pena foi reduzida para um ano, dez meses e 12 dias. O Código Penal Militar determina que, se a pena for menor do que dois anos, ela pode ser suspensa. O caso, então, foi encerrado.
Outra escolha pessoal de Gabriel, o PM Bruno Novaes Assumpção, fazia um patrulhamento, em 2020, pela orla de Ipanema, na Zona Sul carioca, quando recebeu o aviso de um roubo em curso. Ele, junto de um colega, iniciou a perseguição.
A perseguição se tornou uma troca de tiros e Bruno atirou quatro vezes na direção do bandido. Porém, ao invés de acertar o suspeito, Bruno alvejou um barraqueiro nas areias da praia. O caso ainda está em investigação
Quem também tem passagens pela polícia é o policial Daniel Conceição Carvalhaes, nomeado em outubro por Gabriel.
Ele foi autuado por porte ilegal de arma de fogo em 2012, e admitiu, um ano depois, ter matado duas pessoas quando estava de folga.
Ele afirmou que foi legítima defesa, depois de uma tentativa de roubo. Os corpos foram encontrados com sinais de morte violenta. O caso ainda é investigado, em sigilo, pelo Ministério Público do Rio.
Um outro homem que empurra um homem em situação de rua também trabalha para Gabriel Monteiro. É Pablo Batista Foligno.
Um morador de rua é convencido pela equipe do vereador a armar um suposto furto. O empurrão dado pelo assessor de Gabriel Monteiro não foi seu primeiro caso de agressão.
Pablo Batista Foligno tem outros dois registros de ocorrência pelo mesmo motivo: lesão corporal. Ele nunca foi condenado.
A ex-namorada do assessor Vinicius Hayden Zietze relata que, em 2017, ele disse o seguinte pelo telefone: “Eu vou te matar de tiro, eu conheço muita gente que mata.”
Segundo o registro na delegacia, ele não gostou de uma mensagem que ela tinha publicado em uma rede social. Posteriormente, o inquérito foi arquivado.
No ano passado, o funcionário começou a ser investigado também pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá. Vinicius é suspeito de divulgar imagem de uma mulher nua. A investigação está sob sigilo.
A Câmara do Rio disse que os agentes foram indicados pelo próprio vereador.
A defesa de Gabriel Monteiro disse que os PMs são julgados em procedimentos administrativos e judiciais, aos quais o parlamentar não tem ingerência, e que o vereador irá acatar qualquer decisão jurídica.
A polícia militar disse que a corregedoria da corporação tem procedimentos em cursos sobre os casos citados.