Ales Bialiatski está preso por fazer oposição ao presidente do país, Alexander Lukashenko. Segundo sua mulher, não há garantias de que ele será informado dentro da prisão sobre o prêmio. Ele venceu o Nobel junto de uma organização russa e outra ucraniana de defesa dos Direitos Humanos.
G1 – Um dos três vencedores do Nobel da Paz de 2022, anunciado nesta sexta-feira (7), o ativista de Belarus Ales Bialiatski pode nem sequer saber sobre a premiação, disse sua mulher.
Segundo a também belarussa Natallia Pinchuk, casada com Bialiatski, não há garantias de que a prisão onde seu marido está desde o ano passado irá notificá-lo sobre a premiação. Ela contou à agência de notícias Reuters ter enviado um telegrama à prisão.
“Eu enviei um telegrama a ele hoje, e acho que eu não fui a única. Talvez repassem essas mensagens para ele e ele fique sabendo sobre o prêmio, eu espero que sim”, declarou Pinchuk, que disse ter achado “inesperado” o prêmio.
“Foi uma notícia prazerosa e muito inesperada. Não havia absolutamente nada que sugeria que isso pudesse acontecer”, afirmou.
Bialiatski é um dos principais opositores do presidente de Belarus , Alexander Lukashenko, um forte aliado do líder russo, Vladimir Putin, e frequentemente acusado de perseguir e prender opositores e de violar os Direitos Humanos no país.
Após o anúncio, os organizadores do Nobel pediram que as autoridades do país soltem o ativista.
Logo após a premiação, a porta-voz da oposição de Belarus afirmou que Bialiatski está atualmente preso “em condições desumanas”. O líder da oposição no país, Pavel Latushko, disse que o Nobel reconheceu “todos os presos políticos em Belarus”.
Bialiatski foi também um dos fundadores do movimento democrático que surgiu em Belarus em meados da década de 1980. Em 1996, ele criou a Viasna em resposta às polêmicas emendas constitucionais que deram a Lukashenko poderes ditatoriais e que desencadearam manifestações generalizadas.
Junto do ativista belarusso, o comitê do Nobel também premiou a organização ucraniana Centro para as Liberdades Civis da Ucrânia e a organização russa Memorial.
O anúncio do Nobel da Paz foi feito no dia do aniversário de Vladimir Putin, mas a organização negou que a premiação tenha sido um recado ao líder russo.
“Este prêmio não é endereçado ao presidente Putin, nem pelo seu aniversário nem em qualquer outro sentido, exceto pelo de que seu governo, assim como o de Belarus, representa um governo autoritário que suprime ativistas de Direitos Humanos”, declarou a integrante do comitê do Nobel Berit Reiss-Andersen, que anunciou os vencedores.
O prêmio chega para os três países vizinhos em um dos momentos de maior escalada de tensões na Ucrânia desde o começo da guerra, em 24 de fevereiro, após Kiev anunciar um ambicioso plano de retomada de diversas regiões em território ucraniano invadidas por Moscou. Com a ajuda militar e estratégica de países do Ocidente, o governo ucraniano afirmou ter reconquistado cerca de 10% das áreas ocupadas por tropas russas.
Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um pronunciamento à nação pela TV anunciando a convocação de cerca de 300 mil reservistas no país inteiro, o que gerou uma grande onda de fuga de jovens russos. Dias depois, quatro regiões da Ucrânia – Kherson, Zaporizhzhia, Luhansk e Donetsk – foram submetidas a um referendo organizado e realizado por Moscou sobre se os cidadãos locais queriam se separar da Ucrânia e se anexar à Rússia.
Putin anunciou vitória na consulta pública e, na semana passada, assinou a anexação dos quatro territórios em uma cerimônia transmitida por telões em Moscou. A ONU e a comunidade internacional não reconhecem a anexação.