Soldado russo admitiu ter matado civil de 62 anos que andava de bicicleta em cidade perto de Kiev. Confissão encerra primeiro júri sobre crimes cometidos por militares da Rússia na Ucrânia.
G1 – O soldado russo que é o primeiro julgado por crimes de guerra na Ucrânia se declarou culpado nesta quarta-feira (18), durante sessão em um Tribunal de Kiev. O caso deve ser usado como base para o julgamento de outras milhares de acusações de crimes de guerra desde o início da invasão russa ao país vizinho, em 24 de fevereiro.
Segundo a denúncia da Procuradoria-geral da Ucrânia, Vadim Shishimarin, 21, atirou de um carro contra um ucraniano de 62 anos que andava em uma rua do vilarejo de Chupakhivka, nos arredores de Kiev, em 28 de fevereiro, apenas quatro dias após o início da invasão russa na Ucrânia.
O tribunal que julga o caso ainda não determinou a sentença final. Caso condenado, o militar russo pode pegar prisão perpétua. Ele responde por crime de guerra e homicídio premeditado.
Ainda de acordo com a acusação, o soldado e mais três militares russos que o acompanhavam roubaram o veículo em que estavam de outro civil para fugir de tropas ucranianas. No caminho, passaram pela vítima, que andava de bicicleta e falava ao telefone.
Shishimarin foi capturado posteriormente por tropas ucranianas.
O caso é o primeiro de ao menos 10.000 suspeitas de crimes de guerra que a Ucrânia disse ter identificado desde o início dos ataques da Rússia ao país.
Na semana passada, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou a abertura de investigação sobre suspeitas de violações cometidas por tropas russas na Ucrânia. No mesmo dia, militares da Rússia foram flagrados por câmeras atirando nas costas de civis ucranianos que caminhavam na rua e morreram.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que há inúmeros exemplos de casos suspeitos de crimes de guerra e que, até agora, enviados da ONU já encontraram cerca de mil corpos nos arredores de Kiev.
“Abrimos mais de 11.000 investigações de crimes de guerra e prendemos 40 suspeitos”, disse ela. “Com este primeiro julgamento, enviamos um sinal claro de que nenhum carrasco, ninguém que ordenou ou ajudou a cometer crimes na Ucrânia escapará à justiça”, afirmou a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, sublinhou a importância do caso para o seu país.