Polícia Federal investiga um esquema de desvio de recusos públicos no pagamento de respiradores adquiridos pelo Consórcio Nordeste
BSM – A falta de fluência em inglês teria sido um dos motivos para o governador Rui Costa (PT) ter assinado o contrato para comprar respiradores com a empresa Hempcare, especialista em vender medicamentos à base de maconha. Ele era o presidente do Consórcio Nordeste, que reúne os nove governadores da região, e pagou 48 milhões de reais adiantados por 300 respiradores. Nenhum foi entregue.
Ontem (26), a Polícia Federal deflagrou a operação Cianose, que investiga a contratação da empresa norte-americana pelo Consórcio Nordeste, para fornecimento de ventiladores pulmonares durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em Salvador, no Distrito Federal. Já nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro os mandados foram expedidos.
De acordo com depoimento obtido pela revista Veja, a delegada federal Luciana Caires perguntou ao governador se ele não havia desconfiado da escolha da empresa. Hemp em inglês é maconha. Care é cuidado.
Em resposta, o gestor negou a suspeita.
Não. Confesso que não e lá tinha representantes de produtos farmacêuticos. Estava essa denominação da empresa e não me chamou a atenção, no momento, pelo nome, até porque eu não tenho pleno domínio da língua inglesa. Portanto, eu não domino”, justificou Rui Costa.
Outro questionamento da delegada a Rui Costa é que o pagamento à Hempcare foi feito antes de ele assinar o contrato com a empresa. “O senhor tinha conhecimento disso?”, perguntou a delegada. “Não. Tô tendo conhecimento disso agora”, afirmou Rui Costa.
Questionado se acompanhava de perto as negociações, como afirmou em depoimento o secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, Costa também negou que estivesse a par da transação.
Nesse episódio, não. De pagamento ser feito antes de eu assinar o contrato? Em hipótese nenhuma”, afirmou o governador.
Indagado sobre sua relação com Cleber Isaac, investigado por intermediar as negociações entre a Hempcare e o Governo da Bahia, o gestor alegou não o conhecer.
“Nenhuma relação, nem familiar, nem pessoal, nem profissional. Eu conheço ele como conheço milhares de outras pessoas”.
Em reposta a delegada disse a Costa que a Polícia Federal tem provas de que o encontro ocorreu. “Foi porque a gente analisou um aparelho de celular de uma das pessoas investigadas e nele consta o registro de que o senhor teria se encontrado, de que ele teria se encontrado com o senhor e teria conversado com o senhor sobre a aquisição de ventiladores mecânicos nacionais”.
Rui Costa respondeu: “É mentira. Não é verdade”.