Anúncio desta terça (2) acontece após conversas entre as candidatas e os presidentes dos três partidos da aliança (MDB, PSDB e Cidadania), em São Paulo. Tetraplégica, Gabrilli é senadora desde 2018. Antes disso havia sido deputada federal e vereadora na capital paulista.
G1 – A senadora Simone Tebet, candidata do MDB à Presidência da República, confirmou na manhã desta terça-feira (2) a também senadora Mara Gabrilli (PSDB) como sua vice na chapa que disputará a eleição de outubro.
O anúncio foi feito na cidade de São Paulo, após conversas entre as duas candidatas e os presidentes dos três partidos da aliança – Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Roberto Freire (Cidadania) – e o senador Tasso Jereissati (PSDB).
“Eu tinha dúvida, Mara, se uma chapa 100% feminina seria aceita. Que bom que as [pesquisas] qualitativas mostraram que homens e mulheres estão prontos para votar nessa chapa. E quando fiz o convite para você, esperando que você fosse dizer ‘vou pensar um pouquinho, eu tenho algumas limitações’, Mara disse, na sua generosidade, ‘Simone, que honra. Como vai ser bom falar para o Brasil da nossa causa e da nossa luta’”, afirmou Tebet.
Deficiente física, Mara Cristina Gabrilli é psicóloga e publicitária de formação, e foi eleita senadora por São Paulo em 2018. Antes disso, havia sido deputada federal e vereadora na capital paulista.
A informação da indicação da tucana na chapa de Tebet havia sido antecipada pelo repórter Ricardo Abreu no blog do Camarotti na segunda (1º). Pouco depois, em evento na Fiesp com presidenciáveis, Tebet disse que teria uma chapa puramente feminina, mas não mencionou quem seria a candidata.
“É por isso que eu quero aqui anunciar para as senhoras e aos senhores, que pela vez, provavelmente a primeira vez na história da República do Brasil, nós teremos uma chapa pura para candidato à Presidência da República. A minha vice será mulher”, disse.
Apesar de Tebet falar em ineditismo em uma chama puramente formada por mulheres, o PSTU anunciou no sábado (30) uma candidatura exclusivamente feminina para a Presidência, com Vera Lúcia como cabeça de chapa e a indígena Kunã Yporã no posto de vice.
Tetraplégica desde 1994 após quebrar o pescoço em um acidente de carro, Mara Gabrilli destacou a representatividade das pessoas com deficiência na disputa presidencial deste ano, algo inédito após redemocratização do País.
“A riqueza do Brasil é a diversidade da população. E quem desdenha isso não merece ir adiante. (…) Um estado ou um país que é bom para a pessoa com deficiência, ele é maravilhoso para as pessoas normais. Sou uma pessoa que tem compromisso com a justiça social, com o combate à fome. Conte comigo e com a minha devoção para mudar o país”, disse Mara Gabrilli nesta terça (2).
A senadora tucana também criticou indiretamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário da chapa na eleição de outubro, a quem chamou de alguém que “desdenha do próprio país”.
“Fico muito arrasada, triste, de ver um governo desdenhando a população negra, as mulheres, as meninas, a população indígena, a população LGBTQIA+. Desdenhando aquele que tem uma deficiência ou doença rara, desdenhando idosos. É impossível de conviver com uma situação dessas. Desdenhar do nosso próprio país”, declarou.
Caciques justificam escolha
As lideranças dos partidos que formam a coligação de Simone Tebet justificaram a escolha de duas mulheres para a chapa como uma forma de “devolver ao Brasil a alegria da vida pública” após os episódios de violência que têm sido registrados na atual disputa ao Planalto.
“O Brasil vive talvez o momento mais difícil da sua história. Nós temos o Brasil dividido e a eleição deixou de ser uma festa e virou uma guerra de ódio, com ameaças constantes à nossa democracia e às nossas instituições. Nós não podemos aceitar isso como nosso destino. Reunimos aqui [nessa chapa] o que temos de melhor para devolver ao Brasil a alegria da vida pública”, disse o senador Tasso Jereissati (PSDB) ao falar da união das duas colegas nesta terça (2).
O nome de Gabrilli vem à tona após o próprio Jereissati desistir de integrar a composição. O martelo sobre a nova vice foi batido na segunda à noite, em reunião entre os caciques da coligação, que avaliavam também os nomes de outras duas mulheres: a senadora Eliziane Gama (Cidadania) e a candidata tucana ao governo de Pernambuco, Raquel Lyra.
“Nós estamos com duas mulheres que não estão para compor cenário, mas para mudar a história”, disse o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire.
O presidente nacional do MDB afirmou que a escolha de duas mulheres da aliança é para “pacificar o país” e acabar com a “política de ódio que domina atualmente a eleição”.
“Quanto a gente escolhe um presidente porque não gosta do outro, a gente não tem perspectiva de vida melhor. É muito ruim para o país. Por isso que trabalhamos incansavelmente para chegar no dia de hoje para apresentar uma chapa completa e inclusiva, que respeita a todos e que vai mostrar que a educação é a característica dos brasileiros. Com amor, a Simone e a Mara vão devolver ao Brasil a esperança de um futuro melhor”, declarou Baleia Rossi.
Durante sua fala na Fiesp na segunda (1), Simone Tebet disse que teve de “enfrentar caciques do nosso partido” para confirmar sua candidatura. Ela criticou um grupo de lideranças do MDB que declarou apoio ainda no 1º turno ao ex-presidente Lula, candidato do PT.
“Não é fácil para uma mulher enfrentar o meu partido, o maior partido do Brasil, quando outros candidatos querem nos puxar o tapete. ‘Vamos tirar Simone porque queremos ganhar no primeiro turno’, ‘Vamos tirar Simone porque ela pode ser competitiva'”, afirmou Tebet.