De acordo com o MP, o advogado Vítor Marques era suspeito de passar informações privilegiadas ao grupo criminoso e orientações jurídicas sobre como manter uma ocupação ilegal
BSM – O advogado Vítor Marques, ex-secretário de Negócios Jurídicos de Cotia, na Grande São Paulo, é alvo do Ministério Público de São Paulo por suspeita de trabalhar com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A investigação descobriu um esquema de loteamento clandestino em área de preservação ambiental que seria comandado pela facção criminosa.
Marques é sócio de um dos escritórios que prestam serviços para a campanha de Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de São Paulo.
De acordo com investigação do Ministério Público, o então secretário é suspeito de passar informações privilegiadas ao grupo criminoso e orientações jurídicas sobre como manter a ocupação ilegal no Parque das Nascentes.
A investigação foi um desdobramento da Operação Fast Track, de 2020, quando o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) descobriu uma célula jurídica da facção criminosa composta de 47 advogados.
Os promotores descobriram que uma das advogadas investigadas na Operação Fast Track manteve contatos com um advogado de Cotia para tratar da construção de loteamentos clandestinos em área de preservação ambiental. Ação contou com a participação do PCC.
Após quebra de sigilo telefônico dos investigados ser autorizado pela Justiça, a polícia descobriu a ligação de Marques com a organização criminosa.
De acordo com os levantamentos do Ministério Público, foram encontradas conversas com citações a reuniões dos envolvidos com o então secretário e até uma mensagem de WhatsApp entre Marques e um dos investigados.
Nos documentos de investigação do Ministério Público, os promotores assinalaram a participação de Marques: “Há, portanto, fortes indícios de que Vítor Marques, na condição de secretário jurídico do município de Cotia, integra a organização criminosa, tendo se reunido com o advogado Gilberto para tratar da regularização da área ilegalmente invadida do Parque das Nascentes”.
Marques também foi alvo da Operação Nerthus, que, em 24 de junho, cumpriu dez mandados de prisão e 19 mandados de busca e apreensão. Para os promotores, a havia fortes indícios de que ele estaria envolvido com os investigados.
A casa e o gabinete de Marques na Secretaria de Negócios Jurídicos de Cotia foram alvo de buscas. Promotores e policiais encontraram R$ 122 mil em espécie na casa dele. Dias depois da operação, ele deixou o cargo.
Segundo a Receita Federal, Vítor Marques é sócio do escritório Caires, Marques & Mazzaro Sociedade de Advogados. É um dos três escritórios de advocacia que constam na prestação de contas da campanha de Fernando Haddad ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP). Recebeu R$ 110 mil, em 31 de agosto, por serviços advocatícios.