Família ainda não recebeu notificação oficial das Forças Armadas ucranianas ou do governo brasileiro
André Hack Bahi, um soldado brasileiro que lutava voluntariamente ao lado das Forças Armadas da Ucrânia, morreu em um ataque russo. A informação é de outros três combatentes em redes sociais.
Familiares de André afirmaram que ainda não foram notificados oficialmente pelas Forças Armadas da Ucrânia e nem pelo Itamaraty. Eles afirmaram que também ficaram sabendo de sua morte por outros militares brasileiros que lutam no país do Leste Europeu.
Hack Bahi, de 43 anos, é, até onde se sabe, o primeiro soldado brasileiro a perder a vida em combate durante a guerra.
Nascido em Porto Alegre e criado em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, ele chegou à Ucrânia no final de fevereiro pela fronteira com a Polônia, tendo ido até lá pagando a passagem do próprio bolso a partir de Portugal, onde morava.
Por já ter experiência de combate — além de ter servido e trabalhado como segurança privado no Brasil, ele já tinha feito parte da Legião Estrangeira da França —, rapidamente passou a integrar as Forças Especiais do Exército ucraniano, ao lado de outros dois brasileiros, Leanderson Paulino e André Kirvaitis.
Kirvaitis foi um dos primeiros a publicar sobre sua morte. No sábado, publicou em sua conta no Instagram uma mensagem pedindo algum contato da família de Hack Bahi. Horas depois, publicou outra mensagem de despedida do colega de armas.
Alex Silva — instrutor de tiro brasileiro que durante a pandemia participou de protestos a favor de um golpe de Estado no Brasil, e também está servindo nas forças ucranianas — também informou a morte em seu canal no Telegram. Segundo Silva, o corpo pode ser translado para o Brasil. Não há outras informação a esse respeito.
Um soldado peruano que se identifica como Wiman, que postou vídeos ao lado de Hack Bahi na Ucrânia, também postou uma mensagem de despedida. “Descanse irmão legionário André Hack”, escreveu numa rede social, junto a um vídeo.
Não se sabe onde Hack Bahi estava na Ucrânia atualmente. No início da guerra, ele atuou perto de Kiev. Em entrevista ao jornal Zero Hora, disse que atuou em missões perto da capital, participando da destruição de blindados russos.
Formado em Enfermagem, Hack Bahi tinha três filhos que moram no Brasil: Álexyà, de dois anos; Manuelle, de oito; e Leonardo, de 14 anos.
Nas redes sociais, ele postava vídeos posando com armamentos pesados, assim como os outros dois brasileiros das Forças Especiais. Todos os três demonstram ter fascínio há muitos anos com temas militares, e publicam mensagens relacionadas à glória do combate e a luta pela liberdade.
Dos três, acredita-se que só Kirvaitis ainda esteja em ação na Ucrânia, Segundo Kirvaitis, Leanderson Paulino deixou o país, supostamente por problemas familiares.
Na entrevista ao Zero Hora, Hack Bahi disse que ele e outros voluntários, que supostamente não são pagos, não foram “para matar, e, sim, para tentar trazer a paz”.
— Não somos nós que estamos bombardeando e mantando civis, crianças — afirmou. — Carrego meus filhos comigo, [em fotos] no colete. Mas não me arrependo em nenhum momento e vou até o fim para ajudar o povo ucraniano, nem que isso custe minha vida.