Brasil Sem Medo | Um político venezuelano vinculado ao chavismo, Luis Ratti, tenta impedir a candidatura da líder oposicionista María Corina Machado, favorita para vencer as primárias presidenciais marcadas para 22 de outubro, conforme noticiou o Diario de Cuba. “Esta solicitação será formalizada na próxima semana com um grupo de diversos atores políticos e sociais, além de vários advogados com argumentos bem fundamentados, além de ter chamado à violência e à abstenção, levando a Venezuela ao caos e à crise“, escreveu Ratti no Twitter.
O político e empresário, que se apresenta como candidato presidencial independente do Partido de Ação Nacional Venezuela, entrou com um recurso no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) contra as eleições primárias da oposição há algumas semanas. Ratti, embora se diga “independente” ele foi parte do chavismo desde a sua fundação e hoje é uma “oposição consentida” da ditadura chavista.
Ele militou no Movimiento al Socialismo (MAS) em 1999, e, e 2016, foi presidente do “Frente Nacional Bolivariano Hugo Chávez” – um movimento social para apoiar o chavismo desde 2013 – segundo informa o jornal Diario de Las Américas. De acordo com o veículo venezuelano Monitoreamos, Ratti é um político ligado ao chavismo que em várias eleições se apresentou para tentar dividir o voto oposicionista.
Luis Ratti acusa Machado de ter solicitado sanções e bloqueios contra a Venezuela. O político chavista menciona que ela solicitou o TIAR (mecanismo internacional de defesa e tratado de defesa na esfera do continente americano). Ele também pretende solicitar investigações sobre a origem dos fundos da campanha da líder do partido Vente Venezuela.
Maria Corina Machado tornou-se alvo de seus ataques por liderar as intenções de voto nas primárias da oposição e atrair inclusive setores que antes se identificavam com o chavismo.
De acordo com o jornal El Mundo, neste sábado a opositora venezuelana encheu as ruas da cidade de Valera, antes chavista. “A quantidade de pessoas que se aproximam e fazem parte das estruturas do chavismo, inclusive das bases do (partido governista) PSUV, é reveladora para mim“, citou o jornal espanhol a líder do Vente Venezuela.
As pesquisas citadas pelo diário espanhol El Mundo mostram o apoio a Machado de 57% dos eleitores, muito à frente do humorista El Conde del Guácharo, com 19%. Os candidatos da nova maioria opositora mal conseguem se aproximar dos 19% juntos, enquanto Freddy Superlano, substituto do exilado Juan Guaidó, conta com apenas 5% dos votos, de acordo com a empresa de pesquisa “Poder y Estrategia”.
Outra pesquisa citada pelo INFOBAE e feita pelo Hinterlaces, coloca María Corina com uma porcentagem menor, mais ainda com uma liderança segura. Segundo essa outra pesquisadora, María Corina Machado lidera as intenções de voto com 48% de apoio, seguida por Benjamín Rausseom, com 25%; Manuel Rosales, com 9%; e Henrique Capriles Radonski, com 8%.
María Corina foi impedida de concorrer até cinco anos atrás, assim como muitos líderes opositores na Venezuela. A Controladoria não comunicou ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o fim desse impedimento.
A oposição venezuelana espera que pelo menos 13 dirigentes inscrevam suas candidaturas para as eleições primárias de 22 de outubro, nas quais será escolhido um candidato de unidade para enfrentar o chavismo nas eleições presidenciais de 2024.
A viabilidade da candidatura de María Corina Machado ainda enfrenta um grande desafio: o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que é controlado pelos chavistas, assim como o sistema eleitoral da Nicarágua é controlado pelos sandinistas e Ortega, na outra ditadura latino-americana. A possibilidade de cassação de seu registro eleitoral na Venezuela ocorre em um momento próximo ao julgamento da inelegibilidade de Jair Bolsonaro no Brasil, no qual 5 dos 7 juízes foram indicados diretamente por Lula da Silva.