Empresas foram notificadas e estimam cumprir decisão do STF um dia antes do prazo; técnicos citam risco de burla
Folha de São Paulo – Todas as operadoras de telefonia móvel do país devem bloquear o acesso de seus clientes ao aplicativo Telegram em todo o país até a terça-feira (22), um dia antes do prazo máximo determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
As quatro principais operadoras (Vivo, Claro, Tim e Oi) já trabalham para efetivar o bloqueio o quanto antes. A Conéxis, associação que representa o setor, disse que “as empresas de telecomunicações cumprem as decisões judiciais”.
No ofício, enviado pelo ministro do STF para a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e para todas as operadoras, há uma multa diária por descumprimento da determinação de R$ 100 mil contada a partir de quarta-feira (23).
Embora a agência tenha sido comunicada, cabe às operadoras implementar a determinação do ministro do STF.
Nos bastidores, técnicos das operadoras consultados sob anonimato avaliam que o bloqueio não será tão eficaz porque aplicativos como o Telegram costumam “mascarar” os IPs (endereços de internet associados ao serviço) —referência usada pelas operadoras para bloquear o acesso. Por eles, é possível identificar de onde vem o sinal e quem recebe.
Segundo esses técnicos, caberá à engenharia de cada operadora monitorar possíveis volumes consideráveis de acessos de IPs que, a princípio, não são relacionados ao Telegram. Depois de analisá-los, comprovando se tratar do aplicativo, poderão efetivar o bloqueio dos IPs “mascarados”.
Os técnicos das empresas informam que, do ponto de vista técnico, não há dificuldades em implementar a barreira, nem em se fazer esse monitoramento posterior de tráfego.