A tentativa de tabelamento e controle de preços conta com uma vasta literatura na ciência econômica mostrando que nunca funcionou
O governo da Argentina lançou um novo programa de tabelamento de preços para tentar controlar a inflação. Sob o nome de “Precios justos II”, a iniciativa é liderada pelo ministro da Economia Sergio Massa.
O acordo inclui 49.823 produtos de 482 empresas e 15 divisões de segmentos de produtos (consumo massivo, calçados, celulares, venda direta, casa e construção, roupas, úteis, insumos, pequenos eletrodomésticos, frios, têxteis, bicicletas, medicamentos, combustível e motos) e esses produtos poderão ter um aumento de até 3,2% mensais. Além disso, há uma novidade de um acordo com os colégios privados só poderá aumentar 3,5% depois de abril, mas que ainda tem um aumento de 16% definido para o mês de março.
A tentativa de tabelamento e controle de preços conta com uma vasta literatura na ciência econômica mostrnado que nunca funcionou. Podemos lembrar das tentativas fracassadas no Edito de Preços de Diocleciano na Roma Antiga, no ano de 301; da Lei do Máximo na Revolução Francesa; a Tabela da SUNAB de Sarney; ou os tabelamentos de preços na Venezuela Chavista. Cada tentativa de controle de preços tem a sua especificidade, mas o que tem em comum é que nunca funciona.
O ministro da economia da Argentina também disse que também entrará no programa os preços de frutas e verduras. Ele anunciou o novo plano com uma grande lista de empresários presentes para dar legitimidade ao lançamento: Lucía Urquia – Diretora AGD; Julio Freyre – Presidente CCU; Pablo Lemo – CEO Adidas; Emilio Larrañaga -Presidente Alpek; Lorena Zicker – Presidente para América Latina de Amazon; Enrique Gatti Rappallini – Presidente Cerámica Alberdi; Daniel Awada – CEO Cheeky; Guillermo Calcagno – Gerente Geral COTO; Aldo Dal Santo – Presidente Del Santo e diversos outros empresários.
Outro ponto que leva uma similaridade com planos de Sarney na tentativa de combater a inflação no Brasil nos anos 1980 é o uso de fiscais de preços nos supermercados. O INFOBAE informou que há um grupo de “piqueteros” (é uma espécie de militância kirchnerista) que vai pressionar e fiscalizar os comerciantes. Eles terão o papel de cobrar e denunciar que não praticar os preços definidos pelo governo.
Uma diferença para o congelamento de preços de Sarner é que hoje há uma tecnologia mais avançada. O governo desenvolveu junto com as empresas Amazon e Arsat um sistema de monitoramento único que processará 15 milhões de dados por dia para saber o preço que deverá ter determinado produto.
Contudo, seja usando novas ou antigas tecnologias o fato é que tabelamento e controle de preços não funciona. Quando um empresário é obrigado a vender algo num preço menor que seu lucro, ou ele vai deixar de vender o produto – causando escassez -, ou ela vai vender no mercado negro mais caro. Essas estratégias econômicas de usar o governo para controlar preços desde Diocleciano na Roma Antiga até chegar ao Socialismo do Século XXI na Venezuela Chavista não funcionam. E seguira não funcionando no governo socialista da Argentina. Ainda que num primeiro momento possa gerar alguma popularidade no governo (por fazer algo) e como o próprio Sarney chegou a ser popular no Brasil; mas a ciência econômica nos mostra que essas iniciativas sempre fracassam e a complexidade do sistema de preços não consegue ser controlada pela caneta ou Ipad de um burocrata.
O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, em janeiro desse ano tinha falado que a inflação na Argentina é “autoconstruída”. Talvez considerando a inflação psicológica o plano funcionasse na imaginação de políticos e kirchneristas.
Por: Brasil Sem Medo